Dias de um Futuro Esquecido reescreveu toda a linha do tempo após o período de Primeira Classe. Bryan Singer e Simon Kinberg já estavam bem ocupados com X-Men: Apocalipse.


Enquanto isso, Ryan Reynolds havia conseguido achar um roteiro perfeito para recriar seu personagem Deadpool. E o melhor da história: a Fox acatou a decisão de se filmar tudo sem jamais voltar atrás, buscando uma censura alta, mantendo-se assim fiel ao personagem.


Aí que se pergunta: por que incluir um filme tão controverso e distinto como Deadpool nessa revisão dos filmes do X-Men?


Há dois motivos: primeiro, porque o personagem foi introduzido em X-Men Origens: Wolverine, inclusive interpretado pelo mesmo ator. E segundo, porque o mutante russo Colossus aparece na trama, representando os X-Men.


É claro que o estilo irreverente de Deadpool faz dele uma obra que não há como comparar com os demais filmes dos mutantes. O roteiro de Rhett Reese e Paul Wernick (Zumbilândia) combina essa irreverência com um tom cômico que complementa a violência e as cenas de nudex e sexo com perfeição. A direção de Tim Miller (Silicon Valley) demonstra uma visão que compreende essa combinação e executa um trabalho impecável.


Nunca considerei Reynolds um grande ator, mas ele sabe transmitir o carisma necessário para esse tipo de papel. Além do esforço físico, ele tinha de ser engraçado, carismático e um personagem capaz de conectar com o público. Não era apenas um super-herói, mas uma pessoa tão falha quanto nós, disposta a cometer os mesmos erros na vida.


É claro que num filme desses, o personagem quebraria de vez com a "quarta parede", conversando diretamente com o público. Algumas das cenas mais hilárias vem dessa forma, principalmente quando ele questiona toda a continuidade temporal dos filmes dos X-Men produzidos até agora. Não há como escapar disso. As cenas em que ele contracena com Colossus e a mutante Míssil* são recheadas de piadas desse tipo.


*Fica a entender que a inclusão dessa personagem representa um novo rumo para os filmes dos mutantes na Fox. Míssil era um personagem do grupo X-Force, e após a conclusão de Apocalipse, começaram a surgir boatos de que a Fox pretende elaborar mais um universo cinematográfico nos moldes do Marvel Studios, dando espaço para filmes de grupos como X-Factor e X-Force.


O filme tem uma censura pesada e cada frame faz por merecer essa classificação etária. O nível de violência e sexo são dignos de muitos filmes independentes. Ver essa disposição da Fox quando estão investindo milhões em um blockbuster de super-heróis demonstra uma visão mais aberta a novas possibilidades. Criativamente, esse é um rumo muito bem vindo.


A trama é bastante simples. É basicamente a mesma de Wolverine, só que muito mais bem executada. Herói se apaixona pela mocinha, sofre um revés e acaba ganhando superpoderes. Um fator que aprimora esta versão é o fato de Wade Wilson ser diagnosticado com câncer incurável. Esta é uma forte motivação para que ele busque tratamentos alternativos, o que levando a submeter-se a um processo que o transforma no mutante, sofrendo as consequências. É simples, mas eficiente. Depois disso, o filme se torna uma trama de vingança pelo que sofreu e a busca pela namorada.


Para um personagem que era praticamente desconhecido para quem não lia quadrinhos, o sucesso do filme foi estrondoso. Ele já rendeu mais de 1 bilhão de dólares nos cinemas, superando todos os X-Men. Não é a toa que a Fox vê potencial em ampliar o universo dos X-Men atualmente.


Amanhã falaremos sobre X-Men: Apocalipse, que ainda se encontra nos cinemas. Enquanto isso, fique com essa cena de ação envolvendo Deadpool na autoestrada.



Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 12:02  

0 comentários:

Postar um comentário