Greve dos Roteiristas evitada
(3 de mai. de 2017)
Já era uma situação problemática há algum tempo. O Sindicato dos Roteiristas norte-americanos (conhecido como o WGA) quase teve de declarar greve geral devido a falta de acordo entre eles e a Aliança dos Produtores de TV e Cinema.
Felizmente ambas as partes chegaram a um acordo no qual os roteiristas puderam ter uma melhoria no plano de saúde, além de ganhos para autores que trabalham em séries com poucos episódios (cujo ganho financeiro depende de quem foi o autor para cada episódio).
Mas se a greve tivesse ocorrido, seria mais do que justo apoiar a causa. Roteiros são a raíz fundamental por trás de qualquer filme ou seriado que seja produzido. Esse trabalho não se resume a esboçar diálogos entre personagens. Qualquer cena, qualquer detalhe mínimo de ação, qualquer diálogo, tudo isso passa pela mão do roteirista. Não se pode sequer fazer um storyboard se não tiver ao menos uma cena escrita. O roteiro estabelece o tom, a estética e a direção criativa de qualquer produção.
Desde cedo nos EUA, os roteiristas lutaram por seus direitos, seja através de sindicatos ou agentes. Na indústria cinematográfica onde o ego e o poder falam mais alto, é essencial que eles lutem por cada ganho, pois não tem a mesma visibilidade que atores e diretores.
Lembrando que a última greve em 2007 paralisou toda a produção em hollywood. Para quem assistia a seriados, foram mais de três meses sem conteúdo novo. Temporadas foram adiadas ou reduzidas (caso de Breaking Bad). Séries foram canceladas. Filmes entraram em produção sem roteiro pronto com resultados desastrosos (007 Quantum of Solace é um ótimo exemplo). Levou um ano para a indústria se reerguer.
E antes que culpem os roteiristas, lembrem-se de uma coisa: eles são os que menos desejam entrar em greve. Ficar sem trabalhar significa o mesmo que não ter uma fonte de renda. Eles cultivam manter o trabalho, mas ao mesmo tempo eles precisam lutar pela causa com plena união para que consigam qualquer vitória. Essa frente unida é necessária. Lutar pelos direitos faz parte desse processo. É só imaginar o quanto astros e executivos de estúdios lucram com megaproduções enquanto pequenos produtores sofrem para manter seu balanço comercial. Roteiristas são pessoas comuns buscando ganhar seu dia-a-dia.
Por enquanto, eles tem um novo contrato assinado pelos próximos três anos. Uma conquista de direito trabalhista. A distribuição de conteúdo online vem mudando radicalmente a forma como se calcula o percentual que cada membro da indústria leva na comercialização de seu produto. Netflix é um dos protagonistas desse movimento. Com a queda dos DVDs e a ascensão da mídia via streaming, a forma como os estúdios vem lucrando com suas produções vem mudando e cabe aos roteiristas serem devidamente compensados por isso.
Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 13:42
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