Oscar 2018 - Impressões

(5 de mar. de 2018)



Esse foi um Oscar interessante de se ver.


Por mais que Hollywood esteja em clima de tensão e conflito devido aos escândalos de assédio, a noite de gala foi bastante contida, sem muitos discursos políticos ou ideológicos. O foco era nos indicados.


Falando em ideologia, Frances McDormand ganhou merecidamente a noite (Três Anúncios é excepcional) e fez um discurso que espero que tenha bastante repercussão a longo prazo. A cláusula de igualdade que ela citou pode ser tornar uma ferramenta de mudanças promissora caso os agentes e diretores de elenco queiram lutar por uma indústria mais igualitária. Isso vale tanto para a  questão de representação racial quanto a desigualdade entre os sexos. E ter todas as premiadas femininas se levantarem na plateia foi um momento digno de aplausos.


Jimmy Kimmel fez um bom trabalho reprisando como host da noite, com espaço até para fazer piada da gafe cometida no ano passado (inclusive trouxeram Warren Beatty e Faye Dunaway de volta para apresentar o prêmio de Melhor Filme).


Não foi uma noite na qual um único filme dominou as premiações. Teve espaço para muitas produções serem reconhecidas, de forma que nenhuma se sobressaiu (na verdade, todos se sobressairam). E por sinal, vários dos premiados estavam lá pela primeira vez - caso de Allison Janney, que levou Melhor Atriz Coadjuvante por Eu, Tonya.


A Forma da Água levou 4 prêmios, incluindo Melhor Filme, como já era esperado. Ao mesmo tempo, Corra! levou Melhor Roteiro Original, a primeira vez que se dá um prêmio desses a um filme que tecnicamente é do gênero terror. Me Chame pelo Seu Nome, história de relacionamento homoafetivo entre um adolescente e o melhor amigo de seu pai, também levou um prêmio de roteiro adaptado. De um lado, Hollywood premiou uma história de amor e amizade bastante inusitada, e de outro favoreceu um filme de gênero focado quase inteiramente em protagonistas de pele negra ao invés de premiar algo mais tradicional. Isso é um bom sinal, de que a academia e seus membros estão reconhecendo que existe espaço para produções diversificadas. Quanto mais progressista melhor.


Alguns filmes ficaram de fora, dentre eles The Post e Ladybird, mas acho que nenhum dos dois tinha força suficiente para abocanhar alguma vitória dentre suas indicações. A competição este ano foi forte.


Se houve algum injustiçado nessa noite, com certeza este foi Baby Driver. O filme de assalto dirigido por Edgar Wright era um que merecia vencer Melhor Montagem, principalmente levando em conta a coreografia perfeita da ação em conjunto com a música. De qualquer forma, Dunkirk fez por merecer nas categorias técnicas. Tanto o design de som quanto a montagem do filme fizeram dele uma experiência única, distinta de qualquer outra produção de Christopher Nolan ou até mesmo qualquer outro filme de guerra.


Roger Deakins finalmente levou um Oscar de Melhor Direção de Fotografia pelo excelente Blade Runner 2049. Já não é nem uma questão de se isso ajuda a carreira do veterano, já que não é o caso, mas sim de simplesmente reconhecer suas contribuições e seu trabalho belíssimo.


De animação, foi mais uma vitória da Pixar com Viva - A Vida é uma Festa (Melhor Animação e Canção Original). Acho que em qualquer enquete de prever os vencedores, a forma mais fácil de ganhar é sempre apostar nessa turma.


Enfim, uma noite agradável sem grandes surpresas, mas bons discursos, e quem tinha de ganhar levou por merecer.



Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 11:48  

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