Duna

(14 de abr. de 2020)




Duna teve suas primeiras imagens divulgadas na internet.


O filme é uma nova adaptação do livro clássico de Frank Herbert. Quem já leu sabe o que esperar. Um clássico de ficção científica que serviu de inspiração para várias outras obras, incluindo Star Wars.


Em resumo, e para quem não conhece, Duna conta a história de Paul Atreides, um príncipe de uma dinastia real que luta contra os Harkonnens, outra dinastia, pelo controle do planeta Arrakis. Essa história se passa no ano 10191 em outra parte da galáxia. Arrakis, também conhecido como Duna, é um deserto cobiçado por ser a única fonte de Tempero, combustível essencial para as facções que disputam o poder.


Ao mesmo tempo (e sem entrar em SPOILERS), Paul tem uma jornada de herói (no sentido clássico da mitologia estudada por Campbell) e deixa de ser um mero príncipe para se tornar uma figura messiânica para o oprimido povo Fremen, que habita Arrakis. Um dos melhores retratos dessa jornada e de como uma sociedade se reúne em torno de um messias.


E claro, em matéria de visuais, essa história tem de sobra. Algumas das imagens mais icônicas incluem as enormes minhocas de areia que aterrorizam o deserto, e os olhos azuis do povo Fremen, resultado da presença constante do Tempero na corrente sanguínea. Qualquer ilustrador de ficção científica tem Duna como referência.


E não é a primeira vez que Duna é adaptada para o cinema. Uma das primeiras tentativas foi feita na década de 1970, lideradas pelo excêntrico cineasta Alejandro Jodorowsky. A tentativa dele não foi adiante por questões orçamentárias, mas tornou-se lenda dentre os fãs de Duna, e acabou resultando num ótimo documentário, que pondera como seria o cinema se ele tivesse conseguido completar sua obra.


A adaptação foi adiante sem ele, e o filme que o público conhece foi lançado em 1984, com direção de nada menos que David Lynch (Veludo Azul). Kyle Maclachlan, que ficaria eternizado em alguns anos como o agente Cooper em Twin Peaks, foi quem encarnou Paul Atreides no filme, que também inclui um jovem Patrick Stewart (Star Trek) como Gurney Halleck, e até o próprio Sting como Feyd-Rautha Harkonnen. O filme acabou dividindo a crítica e o público. Não foi sucesso de bilheteria, não é visto como uma boa adaptação da obra de Herbert, e também é visto como um dos filmes mais fracos de Lynch. Posteriormente, o próprio Lynch desonrou o filme, citando o fato dos produtores terem editado o corte final do filme sem sua participação.


Mesmo assim, o filme não deixa de ter imagens impactantes, além da excelente trilha sonora.


Além de duas minisséries pra TV feitas entre 2000 e 2010, a obra de Herbert também foi adaptada para alguns jogos de videogame e computador. E mesmo após o falecimento de Herbert, seu filho Brian e o autor Kevin J. Anderson continuaram a expandir essa saga e esse universo com novos romances, novos conflitos e novas dinastias. Mas no cinema mesmo, Duna ficou parado sem qualquer tentativa bem sucedida.


Claro que ainda existem dúvidas se será dessa vez que Duna será bem adaptado para a telona. Pessoalmente, tenho confiança em Denis Villeneuve, diretor dessa nova versão. Villeneuve tem um currículo invejável, Os Suspeitos, o primeiro Sicario, A Chegada, Incêndios, dentre outros. Ele é um dos poucos cineastas da atualidade que tem uma voz autoral firme e consegue trabalhar com filmes blockbuster que vão além do aspecto filme-pipoca e induzem o espectador a pensar com profundidade nos personagens e nas ramificações da trama. Blade Runner 2049, continuação do clássico original e antecipado há décadas, foi obra dele, e foi de uma qualidade indiscutível. Diria até que Villeneuve consegue ser mais consistente e impactante que Christopher Nolan. Digo isso até pela facilidade que ele tem em migrar de um gênero para outro. Essa versatilidade Nolan não possui no mesmo grau.


Por isso tenho fé que Duna dará certo dessa vez, e as imagens ao lado falam por si só. O novo elenco é encabeçado por Timothée Chalamet (Lady Bird), e inclui também Oscar Isaac (Star Wars) e Javier Bardem (Skyfall). A princípio, o filme continua marcado pra estreia ainda este ano (mas pode mudar dependendo da quarentena).


Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 11:52  

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