Estreia nessa semana nos cinemas Batman vs. Superman: A Origem da Justiça. E a questão que mais preocupa executivos e acionistas da Warner Bros. é o quanto desse investimento se converterá em retorno financeiro.


O problema não é o filme ter prejuízo. É evidente pelas pré-vendas de ingressos online que o filme já tem lucro garantido. Além disso, a expectativa é que o filme renda cerca de 300 milhões de dólares durante o feriado da Páscoa, e isso somente nos EUA. A questão principal é se ele irá superar as expectativas dos acionistas e da mídia especializada.


O número que muitos querem ver é 1 bilhão de dólares.


Aí tem de se fazer a seguinte pergunta: não estariam exagerando essas expectativas?


Acho bastante possível que o filme eventualmente consiga essa quantia enquanto estiver em cartaz. Levando em conta os tamanhos dos mercados internacionais, é uma meta que dá para ser atingida.


São poucos os filmes que ultrapassam a cortejada casa do bilhão. Só que a cada dia que passa, os estúdios esperam que todas as produções de superheróis atinjam essa meta. Lucrar centenas de milhões já não é visto como sinal de sucesso. O Homem de Aço foi lançado em 2013, e lucrou 660 milhões de dólares*. Este "sucesso" fez com que os dirigentes da Warner mudassem radicalmente o rumo da franquia, inserindo o Batman de última hora nessa continuação. Não há outra forma de se interpretar essa correção a não ser uma tentativa de estancar uma hemorragia. É claro que viram os filmes do Batman dirigidos por Christopher Nolan (dois deles superaram a marca do bilhão) como modelos a serem replicados.


*O Homem de Aço foi uma resposta da Warner Bros. ao que viram como sendo o "fracasso" de Superman O Retorno, filme de 2006 dirigido por Bryan Singer, que rendeu quase 400 milhões na época.


Pessoalmente não entendo esta linha de pensamento. 660 milhões de dólares é muito dinheiro. São poucos os filmes que atingem esse patamar. Como que qualquer pessoa sensata acharia que isso representa uma decepção financeira? Honestamente, não entendo a linha de pensamento Wall Street em que empresas e companhias tem a obrigação de superar suas metas de lucro a cada ano que passa. Um ano de lucro menor que o anterior não significa que algo esteja errado com o conteúdo sendo lançado. Significa que há uma série de fatores que fizeram com que houvesse menos público (depressão econômica, competição de blockbusters rivais, etc.). Essa é a mesma atitude que fez com que a Sony fizesse dois reboots de Homem-Aranha em menos de 5 anos.


Tudo gira em torno de expectativa. Supostamente, o filme custou 400 milhões de dólares. Isso inclui marketing (e me faz questionar se é necessário investir tanto dinheiro assim em divulgação). Vários analistas afirmam que o filme precisaria ter bilheteria de 800 milhões para ser considerado lucrativo. A Warner negou essa previsão, mas também não divulgou uma estimativa própria. Eu argumentaria que poderia lucrar bem menos que isso sem preocupações. Lucro é lucro. O pior que se pode acontecer é cortar um pouco desse orçamento extravagante para futuras continuações.


Há alguns anos atrás, Lucas e Spielberg fizeram uma palestra afirmando que esse modelo de megaproduções estava fadado a um eventual fracasso. Era só uma questão de vários estúdios terem uma série de rombos financeiros consecutivos. Não acho que isso acontecerá agora (Deadpool foi um sucesso estrondoso pra Fox, isso sem falar de Star Wars).


Mas o fato de 1 bilhão estar se tornando uma meta obrigatória no gênero de superheróis me deixa preocupado porque enquanto se debatem quanto aos méritos e ganhos desses filmes, as produções mais modestas somem cada vez mais rápido dos cinemas.



Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 12:40  

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