Oscar 2018 - Expectativas

(24 de jan. de 2018)




Sem dúvida, essa cerimônia do Oscar vai dar no que falar.


Corra! já vinha sendo um filme aclamado há algum tempo. Receber esse reconhecimento agora da academia, por mais óbvio que seja, ainda assim consegue ser um feito surpreendente. Acho que a última vez em que um filme - tecnicamente na categoria terror - concorreu a tantos prêmios foi O Exorcista que levou o Oscar de Melhor Roteiro na época.


Tradicionalmente, filmes de terror sempre foram vistos como obras inferiores devido a seu caráter exploitativo. Corra! mostra que é possível construir uma trama repleta de tensão e ainda assim gerar um conflito social relevante e inteligente, tudo isso incluído num roteiro bem escrito. O filme concorre a quatro prêmios: Roteiro, Direção, melhor Ator e melhor Filme. Merece ao menos levar um desses.


Falando em Melhor Direção, Christopher Nolan nunca levou o Oscar por essa categoria. Dá para se argumentar que seus filmes são convencionais demais quando se trata de narrativa. É um diretor competente, mas nada além disso. Contudo, dá também para se argumentar que Dunkirk quebra todas as convenções ao retratar o desespero dos soldados com o mínimo de diálogo, aproveitando ao máximo os recursos audiovisuais. Se teve algum filme em sua filmografia merecedor da estatueta de Melhor Direção, o escolhido deveria ser este. Contudo, acho que ninguém esperava a entrada de Guillermo del Toro no páreo com A Forma da Água, mudando bastante as possibilidades de quem sairá vitorioso.


Roger Deakins recebeu sua 14ª indicação ao prêmio de Melhor Direção de Fotografia, desta vez pelo belíssimo Blade Runner 2049. Contudo, ele jamais levou o prêmio apesar das indicações. Já tem muito tempo que lhe devem a estatueta. E Blade Runner seria a oportunidade ideal para isso. Ao mesmo tempo, Rachel Morrison se tornou a primeira mulher a ser indicada nessa categoria pelo filme Mudbound - Lágrimas sobre o Mississipi. Ela também merece, principalmente nesse período em que estamos passando.


The Post também está cotado para levar vários prêmios. Além das indicações já esperadas para veteranos como Meryl Streep e Tom Hanks, o filme pega carona no clima político atual, reiterando o valor e a necessidade de termos uma imprensa livre, livre de qualquer influência econômica ou política, que seja capaz de expor todos os lados da verdade sem nenhum filtro. Nessa era de fake news e micropostagens fácilmente digeridas, há de se valorizar o trabalho que esses jornalistas fazem. Por isso mesmo que o filme deverá abocanhar vários prêmios, assim como Spotlight o fez alguns anos antes (inclusive, Spielberg conseguiu o próprio Josh Singer para reescrever o roteiro do filme). A diferença é que este filme reflete toda a sensibilidade típica de Spielberg. Tom McCarthy é um diretor bem mais neutro em matéria de expressividade, e Spotlight reflete isso.


Veremos se os premiados serão aqueles que imaginamos. Caso tenha alguma previsão, comente abaixo. Será uma boa espera até a cerimônia em março.



Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 10:44  

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