Nessa semana, surgiu uma novidade para aqueles que reclamam do preço salgado por sessões que as redes de cinema cobram atualmente. O aplicativo Primepass que chega no Brasil oferece um pacote interessante ao público: pagando uma mensalidade de R$ 99,90, você tem a oportunidade de assistir a 31 sessões de filmes por mês.


A princípio, essa seria uma parceria com a redes exibidoras Cinemark, Kinoplex, UCI e Cinépolis. Contudo, quando foram abordados por portais de notícias, as redes negaram a parceria com a empresa responsável pelo aplicativo. Todavia, essa falha de comunicação foi corrigida, e agora as redes afirmam que estão dentro da parceria, apesar de não incluirem todos os cinemas.


É evidente que as redes não querem tornar-se vilãs numa situação que beneficiaria o consumidor. Não há porque elas se envolverem em uma situação semelhante a dos taxistas que lutam contra o Uber. Existem estudos publicados onde um resultado é claro: com os preços atuais, as redes exibidoras precisam repensar seu modelo de negócios.


Agora vamos a uma questão que ninguém levantou: 31 filmes em um mês?


No ritmo em que vivemos, é praticamente impossível encontrar tempo para assistir a essa quantidade de filmes em casa, quem dirá o tempo extra que se perderia indo até um shopping ou salas exibidoras. Dificilmente um espectador conseguiria encontrar tempo para assistir a um filme por dia.


De qualquer forma, se uma pessoa consegue assistir a 15 ou 16 filmes, já justificou a mensalidade. Levando em conta que filmes custam mais de R$ 20,00, é um bom negócio. De certa forma, é uma versão mais extrema do modelo adotado por serviços como o Netflix.


Entretanto, isso levanta um problema: alguém estará perdendo dinheiro nesse processo. Se não os empreendedores por trás do Primepass, será as exibidoras, ou pior ainda: os produtores que recebem a menor fatia de bilheteria. Contudo, de acordo com o executivo da Primepass, os exibidores continuariam a receber o valor integral dos ingressos. Então, são eles mesmos que estão arcando com os custos. Se isso funciona, só o tempo dirá.


Mas tem outra questão: quem determina quais filmes serão lançados no Brasil são as distribuidoras, que fazem pesquisas de mercado, buscando satisfazer o modelo dos exibidores, e acabam deixando uma enorme quantidade de filmes sem serem lançados. Cerca de 70% da produção mundial anual vai direto para DVD e nem passa nos cinemas brasileiros. Geralmente, são lançados 10 produções inéditas por semana no país. Muito pouco para o espectador que busca assistir a 31 filmes. Esse modelo teria de ser repensado para incluir os filmes que são ignorados. Isso seria uma boa consequência, caso o Primepass torne-se popular. Mas isso depende da boa vontade de distribuidoras e exibidoras de quererem lançar esses filmes.


Vejamos o que acontece na prática. Em teoria, esta é uma grande oportunidade para cinéfilos e pessoas com tempo disponível.



Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 12:09  

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