Neste domingo foi transmitida pelo canal TNT a premiação do Globo de Ouro 2016.


Ao contrário do Oscar, o Globo de Ouro sempre teve um tom mais leve e muito longe de ser sério. Ao invés de organizar os indicados e convidados numa platéia, eles sentam-se em mesas regadas por bebidas alcóolicas. Dá para ver que são poucos ali que levam o prêmio a sério.


Com Ricky Gervais apresentando o programa, o Globo de Ouro foi marcado pela comédia escrachada. Visívelmente roteirizado, você via o desconforto dos apresentadores cujos discursos visavam um humor de cunho ofensivo.


No fim das contas, ninguém se importa muito com o valor artístico da premiação. Para o público, é apenas uma desculpa para ver vestidos horrorosos sendo desfilados por atrizes no tapete vermelho e flagrar atores embriagados dando discursos repletos de gafes. Com três horas de duração, e inúmeras categorias que juntam TV e cinema, mal há tempo para acomodar todo mundo.


Todos os ganhadores do prêmio tem de agradecer a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood, que banca a noite. Só que você percebe os ganhadores e o desdém que eles tem até ao ponto de Ridley Scott mandar a orquestra se calar para que não impeçam seu discurso de vitória.


E falando em Scott, qual é o critério desse comitê de votação? Em que universo alguém indica Perdido em Marte como melhor filme na categoria de comédia/musical? Tudo bem que o filme possui diversos monólogos com o personagem carismático de Matt Damon que podem ser interpretados como engraçados, mas não faz sentido nenhum indicar um thriller de abandono espacial e sobrevivência numa categoria dessas. De qualquer forma, o filme levou a estatueta de melhor comédia. E todos sabem o porquê: se o filme tivesse sido indicado na categoria drama, ele teria perdido para O Regresso, com Leonardo DiCaprio, que foi o grande vencedor da noite.


Muitos consideram a premiação um termômetro para o Oscar. Não sei se concordo levando em conta alguns dos critérios que utilizam. O fato de Lady Gaga ter ganho melhor atriz pela série American Horror Story mostra isso. Sejamos francos. Ela é uma cantora que foi contratada no seriado para levantar a audiência. Nem o Emmy Awards daria uma indicação de atuação à ela.


É fato que metade dessas estatuetas são compradas, e até Denzel Washington praticamente admitiu isso em seu discurso na premiação pela carreira.


E agora esperemos pelo Oscar, que virá em março, para ter uma noção melhor de que produções serão aclamadas, de preferência com mais rigor. Pelo menos, eles tentam passar essa impressão, mesmo que também tenha o lado da popularidade em detrimento do esforço.


Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 10:03  

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