Igualdade entre os Sexos

(7 de jun. de 2016)



Shane Black revelou recentemente que o vilão principal de Homem de Ferro 3 era para ter sido na verdade uma vilã. De acordo com o diretor/roteirista, o departamento corporativo do Marvel Studios exigiu mudanças no roteiro do filme. Supostamente, a vilã Brandt teria bem mais destaque na trama. Não sei se essa mudança seria melhor para o filme ou não, mas com certeza seria a princípio mais interessante.


Muitos reclamam da ditadura do politicamente correto, no qual todo mundo é forçado a incluir personagens das mais diversas origens, seja por sexo, raça ou idade. Todo mundo tem de ter o mesmo privilégio.


Em primeiro lugar, não acho isso um privilégio ou uma ditadura sendo imposta. Estamos em 2016, e chega a ser apavorante a mentalidade de certos indivíduos. Diretores de elenco e especialistas em marketing ainda acham que compreendem a demanda e o público ao qual servem.


Honestamente, adoraria se tivessem escolhido um Homem-Aranha negro (como ocorrera nos quadrinhos recentemente), e acho que se a Elsa tivesse uma namorada na continuação de Frozen seria uma escolha ousada e progressista, com pleno apoio da minha parte. O aspecto mais anormal da época em que vivemos não é alguém impor conflitos sociais e sim que alguém queira ignorar as desigualdades e injustiças que afligem a sociedade como um todo. Não acho que seja obrigatório impor regras em nome da diversidade, mas também acho que não podem ficar de fora.


Isso é um problema sério quando o assunto é super-heróis. Revistas em quadrinhos sempre foram associados com um público supostamente masculino. Quebrar essa percepção tornou-se uma escalada vertiginosa. Recentemente, tanto a Marvel quanto a DC enfrentaram duras críticas por retirarem diretoras femininas de suas produções. Não se sabe o porquê da saída delas, mas não há como evitar essa crítica levando em conta a quantidade de blockbusters comandadas por diretores masculinos. Há de se provar que você não precisa ser homem ou mulher para mostrar que é capaz de fazer um trabalho competente.


É também a mesma questão que rege esse debate por trás da indústria de brinquedos. Se personagens como a Viúva Negra ou a Feiticeira Escarlate foram criadas para usar seus poderes na luta contra o mal, quaisquer bonecas criadas por empresas deveriam refletir esse princípio, e não serem réplicas de Barbies para propagar um estereótipo datado do que as meninas deveriam ser. A Elsa fez sucesso em Frozen porque possui poderes extraordinários, e porque as meninas querem ser como ela ao invés de se relegarem ao papel de princesa coadjuvante no mundo do homem, que não tem outro propósito a não ser "bela, recatada e do lar".


É revigorante ver cineastas como Joss Whedon lutando contra essa misoginia e defendendo uma revolução social. Ele merecidamente desceu uma crítica pesada em Jurassic World pela forma como retratou a personagem da Bryce Dallas Howard, que era um estereótipo ambulante usando saltos altos enquanto fugia de dinossauros (praticamente o oposto da personagem Ellie Sattler, vivida por Laura Dern no primeiro filme).


Não é a toa que um seriado como Sense8 atraiu tanto público. Diversidade reflete o mundo em que vivemos. É uma questão de abraçar isso e aceitar opções fora do padrão.



Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 12:32  

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