Em menos de 48 horas, Star Wars: Os Últimos Jedi estará passando por salas de cinema no mundo todo.


Para um fã da saga, a espera é interminável. E para quem curte os filmes sem toda a paixão, há algo que se pode fazer enquanto se espera o grande dia: conferir os trabalhos anteriores do diretor Rian Johnson.


Por mais que tenha blockbuster em seu DNA, Star Wars sempre teve diretores com currículo diversificado. Tudo que bem que a franquia é maior que qualquer diretor. Tendo sido criada por George Lucas, qualquer diretor contratado tem de seguir a estética e construção narrativa estabelecidas por ele em qualquer continuação.


Mas é interessante em ver como que com exceção de J.J. Abrams, Star Wars nunca atraiu diretores comerciais. Assim como foi com Irvin Kershner quando este assumiu a direção de O Império Contra-Ataca (seu trabalho mais conhecido até então era Os Olhos de Laura Mars), Johnson não foi contratado para dirigir o oitavo episódio da saga por seu trabalho em blockbusters hollywoodianos, e sim por sua capacidade em encontrar a alma dos personagens em histórias alternativas.


Looper é um grande exemplo disso. Quando foi lançado em 2012, dava para ver que as equipes de marketing não sabiam vender o filme. Todos os trailers mostravam um filme derivado de ficção científica abordando pela vigésima vez uma trama envolvendo viagem no tempo e personagens enfrentando seus equivalentes do passado. Parecia um blockbuster genérico.


Contudo, se assistir ao filme, verá que ele possui uma voz e tom completamente originais. Além do que, o terceiro ato (os últimos 40 minutos do filme) foge completamente do padrão hollywoodiano de ação em escala maior com efeitos e explosões em cada frame. Muito pelo contrário, Looper passa esse trecho inteiro acompanhando os três personagens isolados em uma fazenda, todo focado no dilema de seu protagonista (vivido com maestria por Joseph Gordon-Levitt) que decide o que fará com o garoto inocente que poderá crescer e se tornar um vilão no futuro. Uma narrativa que coloca os personagens à frente da trama, fazendo deles pessoas normais cujas motivações qualquer espectador seria capaz de identificar.


E que final corajoso. Se não viu o filme, assista assim que puder. Caso já tenha, reveja o final:




Outra obra de Johnson foi Vigaristas, filme de 2008 que conta a história dos irmãos Bloom. Um dos irmãos deseja abandonar essa vida de enganar os outros, mas é convencido a participar de um último golpe. Um exemplo de roteiro bem construído que deixa claro que por mais que os personagens planejem o que irão fazer, raramente as coisas saem como planejado.




Johnson também dirigiu três episódios da série Breaking Bad. Nesse caso, o mérito não vai apenas para ele, mas para Vince Gilligan e sua equipe de roteiristas. De qualquer forma, Johnson é responsável pelo antipenúltimo episódio do seriado, Ozymandias, que é considerado o melhor episódio de televisão já construído e cujo impacto dramático foi além de qualquer outra obra televisiva já filmada.


A cena em que Walter White se transforma num monstro perante sua família é um retrato visceral dessa unidade moral e amorosa sendo fragmentada. Confira:



Quem não assistiu a Breaking Bad deveria ao menos assistir a esse episódio. Ou arrumar tempo para assistir a série inteira, porque vale a pena. O trabalho excepcional de Johnson é apenas uma amostra do que ela tem a oferecer.


Se tiver tempo para conferir a filmografia de Johnson, aproveite. Seu talento e sensibilidade merecem todo o destaque que vem ganhando.



Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 11:13  

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