Relembrando Star Trek: Enterprise

(2 de set. de 2016)



Jornada nas Estrelas começou como uma obra do Século XX, e teve popularidade e relevãncia para continuar indo além....


Em 2001, Voyager se aproximava do fim, e a rede norte-americana UPN já tinha encomendado o próximo seriado. Enquanto Rick Berman focava principalmente na pré-produção de Nêmesis, Brannon Braga começara a desenvolver a bíblia, os personagens, a premissa, as histórias, e também começou a selecionar roteiristas para o novo seriado: Star Trek: Enterprise.


Após três séries, nos últimos 14 anos, explorando o universo sempre visando o futuro, Enterprise fez o que nenhum fã esperava: voltou ao passado.


E não se contentou em voltar à época de Kirk e Spock. Voltou além disso, especificamente 100 anos antes das aventuras da série original, detalhando uma época em que ainda nem existia a Federação.


A Frota Estelar estava em seus primórdios, testando algumas das primeiras naves com capacidade de velocidade Warp. É nesta época que conhecemos o Capitão Jonathan Archer, cujo pai foi um dos designers dessas naves. Archer assume o comando da primeira USS Enterprise, com a missão de dar início a missões de exploração. Contudo, os vulcanos acham que a humanidade ainda não está pronta para dar esse passo, e deseja restringir o avanço da Frota. Archer e os oficiais da Frota recusam a restrição e prosseguem. Como medida de precaução, os vulcanos colocam uma oficial na nave como primeira-oficial de Archer, a vulcana T'Pol.


Após anos produzindo histórias com os personagens do Século XXIV, Rick Berman e Brannon Braga desejavam fazer algo completamente diferente. Nas séries anteriores, os produtores sempre tentaram permanecer fiéis às regras impostas por Gene Roddenberry nas questões de conflito entre personagens. Como Enterprise abordaria uma época pré-Kirk, eles tinham a oportunidade de ver a humanidade num estágio ainda repleto de conflitos, desavenças e imaturidade, dando espaço para infinitas possibilidades dramáticas, e também a possibilidade do público ver o processo de evolução da raça ao decorrer dessas temporadas.


Voltar ao passado foi uma decisão controversa. Ao mesmo tempo que acabava com o excesso de histórias na era de Picard, abria a possibilidade para se cometer novos erros. Uma obra que é um prequel das demais obras tem a responsabilidade de contar histórias cujas consequências não afetem drasticamente eventos posteriores, a fim de não ter problemas de continuidade com o restante da franquia, e encaixar devidamente na linha temporal. Em outras palavras, não se pode contrariar a mitologia já estabelecida.


A sequência de abertura foi uma partida completa do tom estabelecido em todas as produções anteriores. Num clima aventureiro, bem fiel a década de 1960, a sequência utiliza uma trilha musical no melhor estilo Rod Stewart, composta por Diane Warren* e cantada por Russell Watson. "Faith of the Heart" foi mais um aspecto controverso e divisor entre os fãs. Pessoalmente, acho a trilha sensacional, que casa perfeitamente com a evolução da humanidade, que vai explorando cada vez mais seus limites. Vemos cada veículo utilizado pela humanidade, desde os primeiros navios exploradores, passando por aviões e ônibus espaciais até chegarmos na nave Phoenix, de Zefram Cochrane, e finalmente a primeira USS Enterprise.


*Originalmente, Dennis McCarthy, compositor veteranos de todos os seriados, havia composto uma música-tema de estilo clássico para Archer que seria o tema de abertura da série. Uma excelente melodia. Contudo, Berman e Braga preferiram tomar este novo rumo. Parte do tema pode ser ouvido nos créditos finais.


Berman e Braga, cientes do sucesso de Primeiro Contato, usaram a mitologia de Zefram Cochrane como ponto de partida para o novo seriado. Inclusive James Cromwell faz uma breve aparição numa gravação.


Vale detalhar que a maioria dos roteiristas contratados jamais tiveram experiência* com Star Trek. Com exceção do astrônomo André Bormanis, e do roteirista Mike Sussman, o restante da equipe era novata ou tinha experiência em outras séries dramáticas. Berman e Braga haviam posto um fim à política original de Michael Piller, que aceitava idéias para episódios de qualquer fã desde que ele assinasse um contrato de autorização. Eles queriam a presença de novos pontos de vista.


*Ironicamente, o roteirista David Goodman era conhecido por escrever comédia e séries animadas. Ele havia trabalhado em Futurama e Family Guy. Em Futurama, ele escreveu um episódio que cruzou os personagens com a tripulação de Jornada nas Estrelas. O episódio fez tanto sucesso que ele logo foi contratado para trabalhar em Enterprise. O próprio Seth MacFarlane, fã de Star Trek, também faz uma ponta em Enterprise.


Archer foi interpretado por Scott Bakula, ator já bastante conhecido por papéis como o protagonista do seriado Contratempos (Quantum Leap). Archer mostrou ser um capitão bastante diferente de qualquer outro até então visto na franquia. Não era um aventureiro como Kirk ou um diplomata de alta seriedade como Picard. Archer pode ser definido por inocência e curiosidade. A série mostra esse desejo por exploração e revolta pela forma como os vulcanos tentam deter seus passos. A medida que Enterprise progride, vemos Archer enfrentando dilemas que vão cada vez mais endurecendo ele, mas também reforçando seu idealismo e vontade de desbravar um futuro promissor. Muitos o consideram pouco expressivo. Acho esse aspecto dele bastante refrescante após todas as performances teatrais que tivemos. Bakula acerta em cheio o papel. Archer também possui um cachorro, Porthos. O segundo personagem a ter um animal de estimação em Jornada*.


*Data teve o gato Spot na Nova Geração.


T'Pol foi uma personagem mais controversa. Vivida pela competente Jolene Blalock, a primeira-oficial vulcana foi vista logo de cara como uma tentativa de recriar a Seven of Nine de Voyager. Vestindo um uniforme apertadíssimo que realça sua figura, Blalock foi usada para tentar mais uma vez atrair o público adolescente. Isso misturado ao fato da produção ter incluído uma câmara de descontaminação na qual os oficiais se vestem em roupas mínimas e ficam passando óleo na pele não ajudou no fator credibilidade.


Um dos personagens que deu bem mais certo e cativou fãs foi o engenheiro-chefe Trip Tucker, vivido por Connor Trinneer. Com um sotaque carregado, e sempre respondendo a situações da forma mais emocional possível, ele é talvez o ser humano mais humano que Star Trek teve desde a última vez em que vimos McCoy.


Os demais personagens se adequam bem ao seriado. Alguns melhores que outros. O doutor Phlox, vivido por John Billingsley, funciona bem melhor que Neelix em Voyager. Já o piloto Travis Mayweather deixa a desejar, devido a fraca performance de Anthony Montgomery. Linda Park é pouquíssimo utilizada como a oficial de comunicações Hoshi Sato. É uma pena, pois a personagem tinha potencial. Já o veterano Dominic Keating faz um trabalho competente como o chefe de segurança britânico Malcolm Reed.


Apesar do foco ser em tramas distintas por episódio, Berman e Braga tentaram incluir um elemento serializado na trama do seriado que foi a guerra fria temporal, protagonizada pelos alienígenas Sulliban. Esta foi uma trama que teve seus altos e baixos. Foi uma tentativa de capitalizar no sucesso de conspirações e mitologias propagados por Arquivo X. A execução do conceito depende muito do episódio.


Não dá para negar porém que as duas primeiras temporadas do seriado tiveram muitas falhas. Presos às exigências da UPN, a equipe de criação ficou muito presa nos parâmetros de Jornada. Ao mesmo tempo, muitos dos episódios foram sem dúvida histórias requentadas vistas em todas as produções anteriores. Houve o episódio em que a tripulação tenta ajudar uma sociedade que é subjugada por outro grupo. Houve o episódio em que a nave passava por uma tempestade iônica, forçando medidas de precaução por parte da tripulação. Houve até um episódio em que T'Pol passava pelo período de Pon Farr vulcano, tornando-se um imã sexual. Isso sem falar no fato de que em apenas duas temporadas, houveram quatro episódios em que Archer era preso e julgado por alguém. Dava para ver que faltava inspiração e criatividade nesse período.


Enterprise funcionava quando seus episódios lidavam com situações específicas para aquela época e contexto. A disputa entre Vulcanos e Andorianos sempre dava frutos. Inclusive, isso levou a introdução de um excelente personagem recorrente, o Andoriano Shran, vivido pelo excelente Jeffrey Combs*. A presença dele promoveu novas camadas e qualidades aos Andorianos, que nunca foram uma raça bem desenvolvida** na franquia.


*Combs já havia interpretado dois papéis em Deep Space Nine. O Ferengi Brunt e o personagem Weyoun, um dos responsáveis pelos Dominion.


**A evolução dos Andorianos em Enterprise traça um paralelo com a forma como os Klingons e Ferengis evoluíram em DS9.


Enterprise sofreu também um revés por parte do mundo real. A série estreou logo após os atentados de 11 de setembro de 2001*. Com o clima político, social e econômico adquirindo um teor bem mais sombrio e negativo, o otimismo promovido pela obra de Roddenberry passou a ser visto como fantasia ou um lembrete do passado. Enquanto que obras como a nova versão de Battlestar Galactica** ganhavam cada vez mais seguidores com sua visão distópica e realista, o idealismo era posto de lado por não ser mais adequado a nova realidade.


*Dennis McCarthy compôs a primeira sessão musical de Enterprise justamente no dia em que as Torres Gêmeas caíram.


**A nova versão de Battlestar foi desenvolvida por Ronald D. Moore, veterano de Jornada, que havia deixado a franquia durante a penúltima temporada de Voyager, e desejava repensar os conceitos de ficção científica buscando uma narrativa mais madura.



Outra mudança bem vinda em Enterprise foi uma redução drástica de um fenômeno conhecido como technobabble. Durante produções anteriores, principalmente Voyager e A Nova Geração, havia uma tendência dentre os roteiristas de dependerem em excesso em jargões técnicos para resolverem tramas.


Personagens, principalmente cientistas e engenheiros, utilizariam frases do tipo: se eu transferir essa energia desse conduito para o defletor usando esses parâmetros, posso criar um novo módulo capaz de sobrepor essa ameaça.


Esse excesso de palavras, muitas delas incompreensíveis para o público, nunca acrescentavam muito à narrativa, com raríssimas exceções. Voyager em particular dependeu de soluções assim por falta de criatividade. No comentário em áudio do DVD de Generations, Braga e Moore concordam que esse uso de diálogos é redundante e cada vez mais desnecessário. Por isso, a decisão de reduzir ao máximo isso em Enterprise, deixando a narrativa mais dependente de conflito e menos de soluções pseudo-científicas.


Infelizmente, o período de lua de mel não durou e Enterprise começou a afastar muitos fãs. Até hoje questiono se esse êxodo se seu pela qualidade nem sempre consistente nas primeiras temporadas ou se foi um caso de excesso de franquia. É fato que quando Enterprise estreou, já tinhamos visto mais de 600 horas de Jornada na TV e no cinema. Já tinhamos visto todo tipo de história sendo contada. Muitas repetidas. Junta-se isso ao fato da série ter de contar a história cuidadosamente para não contradizer o restante da franquia, e o resultado final foi nada mais do que a queda de popularidade.


Isso, além do fracasso de Nêmesis nas telas de cinema, fizeram com que a Paramount começasse a repensar a franquia como um todo. Berman e Braga tentaram de tudo para manter a série relevante, fazendo episódios como o julgamento de Archer em Rura Penthe (uma homenagem a Jornada VI), situações de primeiro contato com novas culturas, e até um excelente episódio que aproveita elementos de Primeiro Contato e coloca a Enterprise numa perseguição contra os Borg, sem jamais contradizer a introdução original deles na Nova Geração. E finalmente produziram um excelente episódio que lida com a questão de homossexuais e preconceito em Star Trek, algo que até então não tinham sido capazes de fazer direito. O episódio, que lida com um terceiro sexo, responsável pela concepção sem quaisquer outros direitos, tem um dos finais mais cruéis ao descobrirmos que em suas boas intenções ao tentar melhorar a vida de um indivíduo, Trip induziu o personagem genitor ao suicídio. Um dos melhores usos da Primeira Diretriz de não interferência em outras culturas.


Mesmo assim, não era o suficiente. Se Enterprise não fizesse algo drástico na terceira temporada, a série seria cancelada. Foi assim que Berman e Braga, juntos com a equipe, desenvolveram uma trama serializada na tentativa de aproximar mais a série do clima pós-11 de setembro.


Tudo começa no final da segunda temporada, quando um conglomerado de raças conhecido como os Xindi testam o poder de uma arma laser, acertando diretamente a Terra, cavando uma vala na Flórida, e matando 7 milhões de pessoas inocentes. Isso coloca a Enterprise na missão de ir atrás desse mini-império, que se encontra numa região não explorada da galáxia. Isso afetaria os protagonistas diretamente. A irmã de Trip é morta no ataque. Archer vê que sua missão original será colocada de lado. A nave é militarizada, deixando a exploração como questão secundária. Com a intensidade elevada, era hora de levar a trama pra etapa seguinte.


A terceira temporada começa de forma tímida, mas logo percebemos que no desespero, os roteiristas liderados por Berman e Braga desenvolveram alguma ambição narrativa. Não é uma temporada perfeita ou desprovida de alguns episódios fracos, mas o nível de qualidade como um todo é infinitamente superior. Personagens recorrentes como Degra são introduzidos. Berman e Braga também conseguiram ligar os eventos da guerra fria temporal a essa nova trama, e conseguiram dar um desfecho a esse aspecto do seriado.


Por sinal, mesmo sendo que uma fuga dos valores humanistas e utópicos de Roddenberry, a trama dos Xindi consegue dar a volta e abraçar esses ideais. Como é mencionado na trama, os Xindi foram manipulados por entidades maléficas para atacar a Frota Estelar. Isso ocorreu porque eles tinham a capacidade de enxergar o futuro, e sabiam que os Xindi tornariam-se parte da Federação quando esta fosse fundada.


Quando a terceira temporada chega em seu 18º episódio, Azati Prime, vemos todo o potencial de narrativa serializada sendo finalmente atingido em Jornada nas Estrelas. Já Deep Space Nine havia flertado com serialização em suas últimas temporadas, mas nunca teve a sincronia e interconectividade que os episódios de Enterprise tiveram. Uma vez mencionei que Brannon Braga havia tentado fazer uma temporada de Voyager que seria "o ano do inferno" no qual a nave sofre ataques constantes, com perdas imensuráveis sem chance de recuperação, mas foi vetado pelo estúdio. Nessa etapa de Enterprise, Braga finalmente consegue atingir esse objetivo. Neste episódio, Archer é capturado e dado como morto. Os Xindi atacam a Enterprise e quase destroem a nave, causando danos irreparáveis, e matando vários tripulantes. Os episódios seguintes lidam com eles tentando sobreviver a qualquer custo, enquanto que os Xindi preparam o ataque final contra a Terra.


Além do aspecto físico, essa etapa da narrativa aborda diretamente o aspecto psicológico, e como os personagens vem sendo desafiados. Trip tem de lidar com a morte da irmã. T'Pol tem de lidar com o desequilíbrio emocional que vem sofrendo. Você vê nesses episódios uma série extremamente madura e confiante em sua narrativa.


Foi um salto de qualidade em todos os aspectos. Com os avanços na computação gráfica, os efeitos visuais melhoraram. A direção que já era boa melhorou. Diretores* veteranos como James L. Conway, David Livingston, Michael Vejar e principalmente Allan Kroeker produziram alguns de seus melhores trabalhos. O uso de música instrumental também evoluiu ganhando uma presença maior e mais bombástica. Compositores como McCarthy e Jay Chattaway mostraram do que eram capaz**.


*Além dos mencionados, Enterprise continuou a tradição de utilizar atores da franquia como diretores. Scott Bakula, diretor experiente de Contratempos, recusou a oportunidade, mas LeVar Burton, Robert Duncan McNeill e Roxann Dawson acabaram contribuindo vários episódios.


**Durante A Nova Geração, Rick Berman impôs restrições aos compositores de forma que a música não dominasse a ação e o diálogo. Um dos compositores originais, o excelente Ron Jones, não se adaptou a isso e foi substituído por Chattaway.


Por fim, a terceira temporada foi um sucesso estrondoso. Era como se um time esportivo tivesse escapado de cair de divisão e ganhasse vida nova. A série foi renovada para sua quarta temporada.


Durante a terceira temporada, o roteirista/produtor Manny Coto havia se juntado a equipe para auxiliar no desenvolvimento da trama e dos personagens. Suas contribuições foram tao bem sucedidas que Braga colocou ele como produtor/showrunner do seriado em sua quarta temporada, enquanto ele desenvolvia outro projeto fora de Jornada.


A quarta temporada resolveu a questão Xindi e a guerra fria temporal para focar em novos eventos serializados que levariam a eventual criação da Federação, além de catalogar eventos préviamente mencionados na série original. Foi também uma temporada com diversos episódios de alta qualidade. Brent Spiner inclusive fez uma participação estendida como um cientista da dinastia Soong. A temporada também detalhou o relacionamento crescente entre Trip e T'Pol. Um raro caso amoroso entre vulcanos e humanos*.


*Os outros caso conhecidos foram os dois casamentos do personagem Sarek.


A equipe de roteiristas teve o prazer de incluir mais dois membros preciosos, os autores Judith e Garfield Reeves-Stevens, casal conhecido por ter escrito vários romances literários de Jornada ao decorrer de sua carreira. Inclusive, escreveram uma série de livros que ressuscitava Kirk após sua morte em Generations. Eles foram escritos em parceria com William Shatner.


O conhecimento que eles tinham da mitologia e do universo de Roddenberry foi fundamental no desenvolvimento narrativo para aquela temporada. Episódios como a origem dos humanos geneticamente modificados, como visto na Ira de Khan, tiveram a devida atenção. Tivemos também um aumento da tensão entre humanos e Klingons, e até mesmo mais uma viagem ao universo espelhado, visto na série original e em DS9.


Infelizmente, houve uma mudança de regime na Paramount neste período. A nova liderança não tinha quaisquer interesse na continuidade de Jornada. O aumento de audiência não foi o suficiente para salvar Enterprise do cancelamento. O orçamento por episódio também foi reduzido, e por fim acabaram cancelando o seriado assim mesmo.


Isso também teve uma repercussão negativa pro seriado quando foram escrever o episódio These are the Voyages. Berman e Braga não imaginavam que este seria o episódio final do seriado quando o fizeram, tanto que a trama foi uma inserção de dois personagens da Nova Geração (Riker e Troi) que analisam as ações de Archer e companhia. Mas acabou sendo a última vez em que Star Trek foi visto na TV, e isso deixou os fãs revoltados por terem uma conclusão tão incompleta e narrada desta forma. Mais uma vez, Jornada havia tido um final duvidoso e divisório.


A série foi concluída em maio de 2005, com 98 episódios. Pela primeira vez desde 1987, não teria mais um seriado sendo exibido na TV. Como muitos haviam cogitado, agora era realidade. A franquia iria entrar num longo período de descanso. O mais longo desde que a série original foi cancelada.


Manny Coto e Brannon Braga tinham planos para uma quinta temporada que lidaria com a guerra Romulana. Vários fãs tentaram financiar pessoalmente uma produção*, que acabou não decolando e todos foram ressarcidos. Braga foi focar em seu novo seriado, Threshold, levando consigo vários roteiristas de Enterprise enquanto Coto foi trabalhar em 24 Horas.


*Isso era antes da existência de ferramentas como o Kickstarter.


Já Rick Berman estava tentando um último esforço para uma aventura nos cinemas, trabalhando com o roteirista Erik Jendresen (Band of Brothers). Contudo, a direção da Paramount não mostrara interesse no projeto que acabou sendo engavetado. O contrato de produção de Berman chegou ao seu fim em 2006.


Ainda assim, acho que tanto quanto DS9, Enterprise envelheceu melhor que A Nova Geração ou Voyager. Foi uma série com falhas e tropeços, mas que encontrou sua identidade e aproveitou isso da melhor forma possível, rendendo alguns dos episódios mais refrescantes dos últimos anos. Por mais que a série tivesse sido cancelada, não duraria muito tempo até que a Paramount começasse a fazer planos pra franquia novamente. E eles tinham um produtor em mente para esta tarefa.


Fique com algumas cenas de Enterprise, incluindo sua abertura, logo abaixo:







Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 13:29  

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